CONTEXTUALIZAÇÃO AMBIENTAL E SÓCIO-ECONÔMICA DE UMA ESPÉCIE EXÓTICA INTRODUZIDA (Agave sisalana) NO BRASIL
Primeiramente gostaria de dizer que este texto foi redigido com a ajuda de Jonatas Valler, grande amigo da Biologia.
1.
Caracterização
da espécie
A família Agavaceae possui distribuição
predominantemente pantropical com cerca de 25 gêneros e 637 espécies, reunindo
plantas herbáceas, árvores e arbustos rizomatosos, com folhas alternas,
espiraladas e dispostas em rosetas. Destaca-se o gênero Agave com 300 espécies distribuídas e cultivadas em regiões
tropicais do Novo Mundo, principalmente em ambientes áridos e semiáridos.
Muitas espécies de Agave (sisal), Furcraea e Yucca são usadas como fontes de fibras, e algumas espécies de Agave são fermentadas para produzir
tequila e mecal.
A Agave
sisalana (Perrine ex Engelm), popularmente conhecida como sisal, é uma
importante fonte para produção de fibras. Apresenta atividades
anti-inflamatória e analgésica, sendo largamente utilizado como fitoterápico
para o controle de inflamações. O Brasil é o maior produtor e exportador de
fibras de sisal, produto que se destaca por sua ampla utilização doméstica,
industrial e, mais recentemente, no reforço de compósitos poliméricos.
2.
Histórico da
invasão
A. sisalana tem sua origem na Península de Yucatán, México. Invade preferencialmente
regiões costeiras. Invasora em ilhas e Arquipélagos do Pacífico (Havaí,
Polinésia, Micronésia), África do Sul e Austrália.
No Brasil, foi introduzida,
em meados de 1900, no Estado da Bahia que atualmente detém maior porcentagem da
produção brasileira seguido dos estados da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará
que encerram as áreas de cultivo dessa importante monocotiledônea produtora de
fibra natural no semiárido brasileiro.
A importância do sisal para
a economia do setor agrícola nordestino pode ser analisada sob diversos
aspectos. O cultivo do sisal se estende por 75
municípios atingindo uma área de 190 mil ha, em propriedades de pequeno porte,
menores que 15 ha, nas quais predominam a mão-de-obra familiar, perfazendo uma
população de aproximadamente 700 mil pessoas que vivem, direta ou
indiretamente, em estreita relação com esta fibrosa.
3.
Consequências
e impactos relacionados
O sisal tem seu impacto voltado à expulsão de espécies
nativas por ocupação do espaço e adensamento. Porém a agaveicultura ocupa uma extensa área de solos pobres na
região semiárida de alguns estados do Nordeste, sendo inclusive a única
alternativa de cultivo com resultados econômicos satisfatórios para a região.
Devido sua reprodução direta de brotos do
rizoma da planta mãe, o controle é dificultoso, pois seu rizoma pode produzir
novos indivíduos, mesmo sendo retirada a parte exposta da planta. E os
bulbilhos são brotos que se destacam da inflorescência. No escapo floral pode ocorrer de dois a
três mil bulbilhos de vários tamanhos.
Figura 1.
Estruturas da Agave sisalana
4.
Estratégias
para resolver o problema.
As fibras de sisal são consideradas uma das
mais importantes fibras duras do mundo, e a sua utilização em substituição a
fibras sintéticas torna-se muito importante por ela ser biodegradável, atóxica
e de fonte renovável.
Por proporcionar a cobertura do solo, geração
de emprego e renda, o plantio comercial desse vegetal pode ser uma estratégia
extremamente relevante para as regiões produtoras, seja no aspecto econômico,
social ou ambiental.
Com esforços crescentes
para tornar o surf sustentável e ecologicamente correto, bem como minimizar o
impacto ambiental que a atividade propicia na construção das pranchas, tem-se
estudos que propõem fabricar blocos de madeira de seu pedúnculo floral, que
servirão como miolo na construção das pranchas, utilizando a espécie Agave sisalana.
Em referência ao controle de Agave sisalana, autores recomendam aspersão foliar de
Triclopir, e a injeção de 2mL por planta de MSMA 720g/L concentrado.
Entretanto, uma particularidade foi observada no controle de F. foetida, uma espécie da mesma família e
morfologicamente semelhante a A. sisalana, meses após o controle via
corte e aplicação de herbicida, as partes cortadas das plantas não morreram e,
mesmo desconectadas do caule, emitiram pendões e bulbilhos. Essa característica
gera a necessidade adicional de se remover do local a biomassa cortada.
DE ALMEIDA, Walkiria Rejane; LEÃO, Tarciso Cotrim Carneiro. Contextualização Sobre Espécies Exóticas Invasoras – Dossiê Pernambuco. Execução: Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (CEPAN). 2009
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